Alex Andrade
discente do curso de Serviço Social da Fasso- UERN
ESTEVÃO, Ana Maria
Ramos. O
que é Serviço Social.
6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.(Coleção primeiros passos). 69
páginas.
Ana Maria Estevão,
professora adjunta no curso de Serviço Social da Universidade
Federal de São Paulo, possui Pós doutorado em Serviço Social pela
Universidade de Èvora em Portugal,
tem
experiência profissional como Assistente Social nas áreas de Saúde
Pública, Comunidade e Movimentos Sociais,
o que lhe atribui profundo conhecimento, não só da área acadêmica,
mas , também da área profissional, o que lhe confere autoridade no
assunto. Ela inicia sua abordagem no livro com um estigma que se tem
da profissão: a de moça boazinha que ajuda os pobres, mas ao longo
do texto, de forma narrativa e descritiva, desmistifica essa
aparência do profissional da área.
O título de sua
obra “O que é serviço social” é preterido pela autora, que
acha melhor dizer o que fazem e pensam as assistentes sociais,
abordando os fatos, na história, que envolvem essa profissão. A
autora inicia a história do Serviço Social falando das damas de
caridade e sua filantropia que, até então, não possuía caráter
profissional. Um marco importante, no livro, é a fundação da
Sociedade de Organização da Caridade em 1869, em Londres, o que
fundamentou a prática de toda assistência social. Sociedades como
estas se formaram em outros países e tinham como pauta a
institucionalização do Serviço Social. Outro fator que contribuiu
com a profissão foi os escritos de Mary Richmond, que deu um
estatuto de seriedade à profissão. Para Richmond, o que se deveria
trabalhar era a personalidade da pessoa em seu meio social. Os textos
dela serviram de base a outros que escreveram sobre o tema.
O livro traz uma
evolução que vai desde o estudo de caso individual (elaborado por
Mary Richmond), passa pelo estudo de grupo (elaborado pelo psicólogo
Kurt Levin) e chega à noção de serviço social na comunidade (uma
evolução do estudo de grupo) que precisava se desenvolver.
A professora dá um
salto na história do serviço social e chega à realidade dos anos
60, no Brasil, onde o serviço social é entendido como uma técnica
que deve contribuir para o progresso geral do desenvolvimento
econômico e social do país e, nesse contexto, o assistente social
era a imagem do controle e dos interesses do Estado. Ainda nessa
década, a autora, em sua exposição, lembra que, com o crescimento
da indústria, o serviço social encontra um campo fértil para seu
desenvolvimento. Outro ponto importante destacado por ela nesta
década é que o serviço social, na realidade latina americana,
necessitava técnicas e métodos de acordo com que se vivenciava nos
países subdesenvolvidos e não de técnicas importadas de países
desenvolvidos.
Para melhor
compreensão de como foi o surgimento do serviço social no Brasil, a
autora recua no tempo e retoma os anos 20 e 30, nos quais, diante das
mazelas sociais, surgem os movimentos sociais com o objetivo de
proteger a vida, diante de um Estado repressor. Discorrendo, ainda,
sobre os anos 30 e 40, a autora salienta a institucionalização do
Serviço Social no Brasil como preocupação do Estado Novo, através
das instituições públicas, como a Legião Brasileira de
Assistência.
Já de volta à
década de 70, Ana Maria salienta uma questão que permanece
intocada. Os princípios que norteiam a profissão. Ela ressalta que
além da assistência do Estado, se faz necessário que o
profissional vá ao encontro dos movimentos sociais, se aproxime mais
do povo e fiscalize0 os serviços prestados à população. Além
disso, ela mostra a preocupação da categoria em organizar e
fortalecer sua identidade profissional. Ana Maria afirma que, como
profissionais da assistência social, inseridos na divisão social do
trabalho, devemos atender à clientela bem, reconhecendo a esta como
um patrão, como alguém que paga seus impostos e deve ter seus
direitos facilitados pelos assistentes sociais.
Conclui afirmando
que novos horizontes estão surgindo para o serviço social e novas
possibilidades trazem muitas duvidas e ambiguidades, pelo que indaga
se o serviço social esta preparado para atender melhor a essa
demanda.
Apesar de não dar
conta de toda gama de acontecimentos históricos que envolvem o
Serviço Social no Brasil e no mundo, é uma ótima leitura para
graduandos e profissionais do campo, pois mostra, em linguagem
simples, como se deu o início da profissão e alguns de seus
desdobramentos em solo brasileiro e, principalmente, porque traz a
reflexão do papel do assistente social diante das expressões da
questão social.