Refletindo
acerca do filme “Uma Lição de Amor”, faça uma análise com foco na
instrumentalidade, das expressões da questão social existentes na história,
identificando ainda a intervenção profissional do (a) Assistente Social, bem
como outras possibilidades de intervenção que não foram trabalhadas. Se faz necessário
levar em consideração não somente o uso da racionalidade que direcionou e/ou
poderia direcionar a atuação do (a) Assistente Social, como também dos
instrumentais técnicos operativos que mais responderão às necessidades dos
sujeitos de acordo com o contexto de referido filme (mínimo 10 linhas).
O filme
O
filme retrata a história de Sam Dawson, um adulto com deficiência intelectual,
que abriga uma moradora de rua que engravida e depois de dar à luz a filha (Lucy),
abandona o pai e a filha. Mesmo com dificuldades de suas limitações ele cria a
criança com ajuda de amigos, e estabelece laços de amos entre pai e filha. Sam é
levado à delegacia por dar atenção a uma prostituta e é encaminha para uma assistente
social, que toma conhecimento da vida de Sam e sua filha. No aniversário de
sete anos de Lucy a Assistente Social faz uma visita à casa do pai e presencia
o descontrole de Sam com outra criança que estava na festa. A profissional do
Serviço Social soma este fato com a deficiência de Sam e resolve levar a criança
para um orfanato alegando que o pai não possui capacidade de criar a filha. O pai
procura ajuda de uma renomada advogada que recusa, a princípio, atende-lo, mas
depois entra na questão e trava uma disputa judicial em defesa da guarda da
Lucy para Sam. A criança chega ir para adoção com aprovação da Assistente
Social, no entanto advogada consegue reaver a guarda da criança.
Expressões da questão social
No
filme podemos observar algumas expressões da questão social, tentarei elenca-las
a seguir:
Ø A
primeira a ser observada é a jovem moradora de rua que sem amparo do Estado vai
se abrigar no apartamento de Sam e acaba engravidando
Ø A
segunda é forma como o hospital atende o parto. Não uma assistente social no
serviço de saúde que perceba a situação que o nascituro está envolvido com uma
mãe que rejeita a criança e o pai com limitações para criar o bebê.
Ø A
terceira é o próprio abandono da mãe, que nega a maternidade e toma outro rumo
em sua vida, apesar de não ser tratada no resto do filme, pelo menos ela não
aparece mais.
Ø A
quarta é a falta de um amparo do Estado a pais como Sam que teve dificuldades
em cuidar dos primeiros anos de vida de sua filha. Apesar de superar esses
problemas na criação não isentou de várias limitações que teve.
É
evidente que as expressões elencadas acima não dão conta de toda dinâmica, mas
é possível por elas já se perceber a questão social se desdobrando em suas
expressões no cotidiano dos sujeitos que são retratados no filme.
A intervenção do Assistente social
Ao
que ser percebe as intervenções da Assistente Social foram pontuais, e se restringiu
a intervenção na delegacia e uma visita na festa de aniversário de Lucy, o que
a levou junto a outros profissionais, decidir pela perda da guarda de Sam, encaminhar Lucy a adoção e dar parecer
favorável para adoção. Sob esta perspectiva a profissional da Assistência
Social teve uma racionalidade formal e atuou apenas de forma técnica com base
em considerações empíricas. Não considerou o ser ontológico e suas vivências,
tão pouco considerou o laço de afetividade que foi criado entre pai e filha. Também
não considerou outros possíveis meios de atuação e acompanhamento (não sei se é
essa a realidade americana, mas poderia haver outros programas institucionais que
amparasse a situação sem quebrar o vinculo familiar entre Sam e Lucy). Pode se
considerar que a atitude, agora multiprofissional (pois envolvia além da
assistente social havia promotor e terapeuta) foi embasada num modelo de
atuação que dispensa o ser social e sua historicidade e pesa suas determinações
em procedimentos técnicos, ou seja, a estrutura que havia para tratar o caso é
pautada em “Razão que opera sobre dados fornecidos pelos sentidos,
classifica-os, organiza-os e extrai deles as regularidades (leis) – objeto do
conhecimento científico/ empírico;” ( Paiva, Ellen 2013, slide 5).
Uma
possível mediação profissional na área do Serviço Social era observar o ser
social – neste caso a família de Sam e Lucy, e fazer um acompanhamento mais
dedicado que fosse virtualizado sim por uma ação multiprofissional, mas que
ponderasse a perspectiva humana viabilizando meios de subsistência para o pai e
a filha sem romper vínculos de afetividade que estavam claramente fortalecidos
entre os pares. Poderia ser proposto programa de apoio e orientação ao pai, já que
este tinha uma limitação. De igual forma dar sustentáculo educacional e psicológico
a filha no caso de o pai não poder atender essa demanda. Ou em outros termos,
fazer uso de uma instrumentalidade como coloca Ellen Paiva em sua alua de
instrumentalidade:
Essa
Instrumentalidade entendida também como as habilidades e competências que o (a)
profissional adquire na prática cotidiana, envolvendo não somente o grau de
qualificação como também os conhecimentos adquiridos no exercício da profissão,
conhecimentos estes capazes de modificar e transformar a realidade social do
sujeito. (Paiva, Ellen 2013, slide 4).
Nesse
caso a verdadeira transformação seria advinda numa atuação que considerasse as
limitações do pai mais que pesaria o vinculo familiar que existia entre Lucy e
Sam e fizesse uso de instrumentais adequados ao caso na dinâmica que o este se propôs.
É possível uma mediação que promoveria a adequada criação da criança junto ao
pai sem perdas para as partes como foi demonstrado no filme durante a
internação e adoção da criança.
Instrumentais
técnicos
A história
descrita no filme põe em cheque não só a atuação dos profissionais ali
representados, especialmente a da Assistente Social. Mais do que isso traz uma
reflexão a mim enquanto estudante de Serviço Social de que modelo de atuação
adotaria em caso semelhante? Ou que instrumentais utilizaria para atuar em uma
situação parecida;
Tomando por base o filme já tracei em linhas gerais acima
possibilidades de atuação, agora pondero nos instrumentais que utilizaria para
tratar a questão. Elencarei abaixo alguns e de que forma utilizaria:
Ø Entrevista:
seria muito útil para um relatório mais apurado uma entrevista com o pai e
depois com a filha para conhecer melhor a dinâmica relacional desta família,
poder compreender melhor, apesar das limitações do pai como se dá a relação
entre ambos. A entrevista com vizinhos e amigos também ajudaria a ter
conclusões mais ponderáveis. No filme parece que só foram ouvidos em juízo.
Ø Visita
Domiciliar: no filme a Assistente Social faz essa visita, no entanto em apenas
um momento e partir desta começa a tomar seus encaminhamentos. Seriam necessárias
outras visitas em outros momentos para conhecer as condições sociais e ir além
do aparente identificando as necessidades reais de vida de Sam e Lucy com a
finalidade de elaborar um relatório e emitir um parecer social.
Ø Relatório
Social: o documento onde se registra a as informações, observações e pesquisas.
Neste documento estariam as principais informações do pai e da criança com a
finalidade de assegurar a estes a garantia de seus direitos.
Ø Parecer
social: Documento onde exporia minhas argumentações a respeito do caso,
esclarecendo a luz teórica e a representação de valores (no caso do Brasil
valores defendidos pelo código de ética da profissão) a real situação entre pai
e filha e a interação destes com a sociedade.
Ø Orientação:
faria uso deste instrumental com a finalidade de informar direitos e politicas
e serviços públicos existentes para tentar corresponder às necessidades da família.
No filme há um claro exemplo de não utilização deste instrumental pelo Assistente
Social. Há em umas das cenas a advogada orientando o pai a responder no
tribunal - quando fosse questionado sobre a educação de Lucy e suas condições mentais
e financeiras (para pagar um professor particular), que existe um programa
gratuito de professores para complementar a educação de Lucy. Na cena do
tribunal Sam é questionado sobre a educação e responde que existe tal politica
pública de educação gratuita.
Evidente
que existem outros instrumentais que poderia ser pensados, mas na minha apreensão
do filme pode captar esses. Não havia assistido o filme antes, mas essa
primeira visualização pode abrir caminhos para outras reflexões.
Referencias:
PAIVA,
Ellen. Instrumentalidade em Serviço Social. Assu: Faculdade Católica Nossa
Senhora das Vitórias. 19/08/2013. 11 slides: Slides gerados a partir do
software PowerPoint.
PAIVA,
Ellen. Instrumentalidade em Serviço Social. Assu: Faculdade Católica Nossa
Senhora das Vitórias.15/10/ 2013. 11 slides: Slides gerados a partir do
software PowerPoint.
PAIVA,
Ellen. Instrumentalidade em Serviço Social. Assu: Faculdade Católica Nossa
Senhora das Vitórias. 17/10/2013. 11 slides: Slides gerados a partir do
software PowerPoint.