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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


Alex Andrade discente do curso de Serviço Social da Fasso- UERN
ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. O que é Serviço Social. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.(Coleção primeiros passos). 69 páginas.
Ana Maria Estevão, professora adjunta no curso de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo, possui Pós doutorado em Serviço Social pela Universidade de Èvora em Portugal, tem experiência profissional como Assistente Social nas áreas de Saúde Pública, Comunidade e Movimentos Sociais, o que lhe atribui profundo conhecimento, não só da área acadêmica, mas , também da área profissional, o que lhe confere autoridade no assunto. Ela inicia sua abordagem no livro com um estigma que se tem da profissão: a de moça boazinha que ajuda os pobres, mas ao longo do texto, de forma narrativa e descritiva, desmistifica essa aparência do profissional da área.
O título de sua obra “O que é serviço social” é preterido pela autora, que acha melhor dizer o que fazem e pensam as assistentes sociais, abordando os fatos, na história, que envolvem essa profissão. A autora inicia a história do Serviço Social falando das damas de caridade e sua filantropia que, até então, não possuía caráter profissional. Um marco importante, no livro, é a fundação da Sociedade de Organização da Caridade em 1869, em Londres, o que fundamentou a prática de toda assistência social. Sociedades como estas se formaram em outros países e tinham como pauta a institucionalização do Serviço Social. Outro fator que contribuiu com a profissão foi os escritos de Mary Richmond, que deu um estatuto de seriedade à profissão. Para Richmond, o que se deveria trabalhar era a personalidade da pessoa em seu meio social. Os textos dela serviram de base a outros que escreveram sobre o tema.
O livro traz uma evolução que vai desde o estudo de caso individual (elaborado por Mary Richmond), passa pelo estudo de grupo (elaborado pelo psicólogo Kurt Levin) e chega à noção de serviço social na comunidade (uma evolução do estudo de grupo) que precisava se desenvolver.
A professora dá um salto na história do serviço social e chega à realidade dos anos 60, no Brasil, onde o serviço social é entendido como uma técnica que deve contribuir para o progresso geral do desenvolvimento econômico e social do país e, nesse contexto, o assistente social era a imagem do controle e dos interesses do Estado. Ainda nessa década, a autora, em sua exposição, lembra que, com o crescimento da indústria, o serviço social encontra um campo fértil para seu desenvolvimento. Outro ponto importante destacado por ela nesta década é que o serviço social, na realidade latina americana, necessitava técnicas e métodos de acordo com que se vivenciava nos países subdesenvolvidos e não de técnicas importadas de países desenvolvidos.
Para melhor compreensão de como foi o surgimento do serviço social no Brasil, a autora recua no tempo e retoma os anos 20 e 30, nos quais, diante das mazelas sociais, surgem os movimentos sociais com o objetivo de proteger a vida, diante de um Estado repressor. Discorrendo, ainda, sobre os anos 30 e 40, a autora salienta a institucionalização do Serviço Social no Brasil como preocupação do Estado Novo, através das instituições públicas, como a Legião Brasileira de Assistência.
Já de volta à década de 70, Ana Maria salienta uma questão que permanece intocada. Os princípios que norteiam a profissão. Ela ressalta que além da assistência do Estado, se faz necessário que o profissional vá ao encontro dos movimentos sociais, se aproxime mais do povo e fiscalize0 os serviços prestados à população. Além disso, ela mostra a preocupação da categoria em organizar e fortalecer sua identidade profissional. Ana Maria afirma que, como profissionais da assistência social, inseridos na divisão social do trabalho, devemos atender à clientela bem, reconhecendo a esta como um patrão, como alguém que paga seus impostos e deve ter seus direitos facilitados pelos assistentes sociais.
Conclui afirmando que novos horizontes estão surgindo para o serviço social e novas possibilidades trazem muitas duvidas e ambiguidades, pelo que indaga se o serviço social esta preparado para atender melhor a essa demanda.
Apesar de não dar conta de toda gama de acontecimentos históricos que envolvem o Serviço Social no Brasil e no mundo, é uma ótima leitura para graduandos e profissionais do campo, pois mostra, em linguagem simples, como se deu o início da profissão e alguns de seus desdobramentos em solo brasileiro e, principalmente, porque traz a reflexão do papel do assistente social diante das expressões da questão social.