Translate

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PARA ALÉM DO QUE OLHOS PODEM VER: VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NAS MANIFESTAÇÕES POPULARES.

Autor: Alex Andrade
Aluno de graduação do curso de Serviço do Social Faculdade Católica Nossa Senhora Das Vitórias.
lex192m@gmail.com
Coautor : Ramon Rebouças Nolasco de Oliveira
Mestre em Ciências Sociais e Humanas, pelo Programa de Ciências Sociais e Humanas da UERN (2014).
ramonreboucas@yahoo.com.br
Introdução: O debate acerca de depredação de patrimônio público/privado é polêmico e reflete diretamente à iniciativa de ir às ruas e manifestar e/ou protestar. O que se pretende é compreender as reais motivações explícitas/implícitas nos atos tachados de “vandalismos”. O tema é controverso e há uma massiva tendência em repudiar sem observar, apreender/aprender com os fatos. Objetivos: Fazer resgate teórico da temática para assimilar a atualidade. Metodologia: Abordagem teórica e histórica sobre manifestações, políticas populares, violência símbolos e poder. Resultados/discussões: Negam-se fatos históricos de formatação da nação e do mundo quando se apenas condenam os que promovem danos de um patrimônio. Há questões simbólicas e representativas quando se danifica o vidro de uma instituição financeira ou quando se ocupa um prédio público. Hobsbawm (1996) afirma que em tempo de revoluções nada é mais poderoso do que a queda dos símbolos (a queda da Bastilha simbolizou o marco da revolução francesa). Jung, ao falar de arqtipos disse que estes estão representados nos símbolos e queestes mbolos podem ter um sentido positivo, favorável, ou negativo e nefasto” (JUNG 2000 p. 92). No caso, os pdios são símbolos do poder econômico e político, representações de um arqtipo do mal, da opressão, da dominação econômica e política. Marx elucida a sociedade capitalista afirmando que “A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado [...]” (MARX 1997, p.33). Conclusão: Existem outras formas de expressões implícitas, não se tratando de, meramente, uma violência física, mas de uma declaração de morte àquilo que simbolizam as estruturas danificadas. A origem desse tipo de “violência” deita raízes que penetram além do ato de depredação, sendo possível justificar essas ações no vilipêndio cotidiano que a população mobilizada sofre através da violação de seus direitos fundamentais. Como já dizia José Dartino, mais conhecido como profeta gentileza: "Gentileza gera Gentileza", só que nesse caso é: "Violência gera Violência".


Palavras Chaves: Patrimônio. Manifestações. Símbolos.  

terça-feira, 4 de novembro de 2014

PESQUISA: aplicação de questionário sobre planejamento em Serviço Social na Universidade Federal Rural do Semi-Árido-UFERSA

Disciplina: Seminário Temático II: Administração e Planejamento Social
Docente: Paula Gurgel

Discente: Alex Andrade, Priscila de Almeida Lopes, Nagylla Samilla

Introdução
Sendo o planejamento uma atividade que teleológica, ou seja, um pensamento antecipado para alcance de um objetivo definido ela este intrinsecamente relacionado às atividades que serão desenvolvidas por pessoas em todos os níveis da vida. O planejamento como ato da administração. Segundo a definição de  Chiavenato:
 “O Planejamento figura como a primeira função administrativa, por ser aquela que serve de base para as demais funções. O Planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente os objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para alcançá-los." (CHIAVENATO 2000, p.195)
Dado o conceito de planejamento, temos definido que o profissional da assistência social tem no seu fazer o ato de planejar suas ações, a propósito a lei de regulamentação da profissão traz em seu artigo 4º, dentre outras as seguintes competências do Assistente Social:
[...] II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito do Serviço Social com participação da sociedade civil; VI - Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; X – Planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e Unidades de Serviço Social; [...] (BRASIL, 1993). (grifo nosso)
Como se observa a profissão é atribuída de competências que coloca o assistente social como, ao contrário do que muitos profissionais da assistência pensam, um ator que não somente executa, mas planeja as políticas públicas tanto como forma de implementá-las como forma de pensá-las, pondo em relevância seu saber profissional, apto a confeccionar políticas públicas que são em sua maioria feitas por pessoas que estão longe da realidade concreta do fazer profissional. Esta função se repete no artigo 5°, com privativa do assistente social quando o que estiver em pauta se referir à matéria do Serviço Social.
Planejar em Serviço Social constitui-se uma ferramenta fundamental para as ações que serão desenvolvidas dentro do espaço ocupacional está inserido. Evidente que, dado ao dinamismo da realidade e com os imprevistos que esta realidade supõe, às vezes o planejamento tem alguma alteração ou até mesmo pode ser deixado de aplicar. No entanto, para ações profissionais é de fundamental importância ter um plano de ação para delinear o onde, o quando, o porquê e sobre tudo a quem vão se direcionar as ações, para que os resultados sejam eficazes e se tenha o maior alcance possível dessas ações.  É importante ressaltar que essa ferramenta (planejamento) pode estar imbuída de interesses para além dos que estão postos nas expressões da questão social. Dito de outra forma, o planejamento enquanto ato humano consciente com objetivos definido fazendo uso dos meios e recursos existentes para alcançar determinados resultados, pode sofrer a influência de interesses outros que podem estar permeado em todo processo incluindo os meios e recursos disponíveis para objetivar o planejado. Dessa forma, planejar em Serviço Social é um ato de extrema consciência, pois demanda uma apreensão do real, é uma percepção da complexidade idearia em que se movimenta a atual sociedade que é, antes de qualquer postulado, gestado dentro dos moldes do capitalismo monopolista. Esta gestação implica em tencionar a manutenção de uma relação de exploração e desigualdade social. Nisso se impõe a necessidade da profissão de assistente social como mediador de conflito de interesses de classe – que tanto pode aderir as imposições do monopólio quanto pode ser mediadores das demandas das classes subalternas. Urge, então, do profissional da assistência uma reflexão teórica e crítica acerca do planejamento das suas ações. Guerra (2011, p. 166) diz que a complexidade humana não pode ser reduzida às ciências exatas ou naturais, pois nessa tendência são naturalizados os processos de exploração do monopólio do capital provenientes da aplicação da técnica e da ciência que se convertem em forças produtivas. Ressalta que essa observação é justamente no ponto onde se dá o processo de acumulação/valorização do capitalismo e que o pensamento tecnológico é uma forma concreta de existência. Essa inclinação a ciência e técnica no trabalho se engendra nas relações políticas. É daí que vem a requisição por profissionais cada vez mais técnicos e polivalentes para sua atuação. A mesma autora (2011, p.169) diz que a questão da feitichização dos instrumentos e técnicas (entre estes o planejamento) em Serviço Social, engendra uma falsa superioridade na prática profissional e que a feitichização dos métodos, instrumentos e técnicas são determinações sócio-históricas e que independem de uma posição teórica ou ideológica “e que as metodologias e o instrumental técnico e político, enquanto elementos fundamentalmente necessários à objetivação das ações profissionais compõem o projeto profissional.” (GUERRA 2011, p. 169). Como se observa o ato de planejar em Serviço Social carece de um olhar crítico da realidade social a ser alcançada neste planejamento e que há de se considerar os conflitos entre as classes envolvidas para que a ferramenta do planejamento seja eficaz no sentido de garantia de direitos da parte que é atendida pela assistência social.
O planejamento é, finalmente, arma de ação estratégica não só no campo da Administração, enquanto ramo da ciência. É arma porque deve ser usada em favor das demandas dos usuários e deve ser revestida de posicionamento ético e político com a finalidade de alcançar a diminuição de desigualdade social instaurada em nossa sociedade.
Aplicação do questionário e instituição/profissional abordados:
            O questionário foi aplicado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido-UFERSA, na cidade de Mossoró/RN, com uma Assistente Social, nos dias 08 de outubro de 2014. A instituição conta com o serviço de Assistência Social mais voltada ao corpo discente com programas de assistência estudantil, bolsas de permanência acadêmica e auxílios aos estudantes. Porém não esta descartada o atendimento aos demais setores da instituição (corpo docente e técnicos administrativos).
 Resultados
1. Na primeira questão a profissional relatou que o serviço de assistência é independente na sua atuação, porém esta ligada ao departamento administrativo. E que o planejamento em Serviço Social é realizado de forma conjunta e ao mesmo tempo, direcionado ao trabalho realizado pelo setor administrativo. Que a frequência de reunião era de uma vez por mês, com todas as profissionais do Serviço Social durante um dia de expediente.
2. Na segunda questão ela relatou que durante o planejamento as dificuldades quase não existem e que tem a disposição salas de reunião adequadas,  profissionais disponíveis, qualificados e interessados. Relatou que existe uma agenda bem administrada e os recursos materiais estão disponíveis na medida do possível.
3. Na terceira questão ela apontou que as principais dificuldades são os recursos financeiros, uma vez que é um setor independente dentro da instituição, por isso não possui verba destinada somente para as atribuições inerentes ao trabalho do Serviço Social.
4. Na quarta questão ela respondeu que a avaliação é realizada por semestre, uma vez que se trata de uma instituição de ensino superior, e o calendário segue o ano letivo. Informou ainda que as avaliações são realizadas através de dados coletados do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA, que é uma ferramenta de informações dos alunos, dos formulários de atendimento e entre outros processos de informação. Ela  relatou, ainda, que a reunião de avaliação do Serviço Social é realizada com os gestores da instituição.
5. Na quinta e ultima questão a profissional elencou três principais desafios que se destacam: 1° divergência de opiniões quanto ao fazer; 2° Carência de conhecimento do gestor com relação ao trabalho do Serviço Social na educação e 3° que em alguns aspectos relevantes a centralização administrativa.
Conclusão
            As informações coletadas pelo questionário aplicado na UFERSA permitiram perceber que o Serviço Social nesta instituição tem um planejamento independente e sem muitas dificuldades para ser realizado. Seu planejamento é semestral e realizado de forma conjunta com direcionamento do setor administrativo. Quanto à execução a dificuldade encontrada foi com a área financeira. A avaliação também é semestral e conta com a ferramenta do SIGAA para subsidiar as informações, a reunião de avaliação conta com a participação dos gestores. Finalmente ela pontuou três desafios: Divergência entre os profissionais da assistência em relação aos procedimentos; falta de conhecimento por parte do gestor com relação às atuações dos profissionais da assistência e a centralização administrativa de poderes. Como se observa o planejamento em Serviço Social é uma ferramenta de extrema importância no que tange a garantia de direitos e a diminuição do *desfavorecimento de uma classe. Pois nela os profissionais da instituição pesquisada tem uma certa independência em suas ações ao longo da execução das políticas públicas ofertadas na instituição. No entanto suas ações como executoras das políticas pré-agendadas pelo governo que gesta a instituição, nesse caso o Governo Federal. Dessa forma demanda além de habilidade com os instrumentais do Serviço Social uma reflexão teórica da ontologia do ser social na qual se destina a aplicação dos benefícios. Outra ponderação é a colocação feita pela profissional na qual admitiu divergência de procedimentos entre a categoria na instituição o que revela a segmentação e fragmentação da classe dentro de um mesmo espaço sócio institucional. O que  Iamamoto marca como a derivação de  [...] “um arsenal de mitos na compreensão da prática social e mais especificamente da prática profissional.” (IAMAMOTO, 2011, p, 114). A de se observar que um dos desafios é superar a visão que a gestão da universidade tem acerca do trabalho da assistência social que é fruto de uma visão que Iamamoto (2011, p.20) citando Netto (1992) chamou de mero executor terminal das políticas sociais ou alguém está ao cumprimento de atividades preestabelecidas. Finalmente, e ainda relevante foi, a centralização administrativa e de poder que se tem na instituição que limita burocraticamente a atuação planejada/desplanejada do profissional (neste caso se houver demanda emergente por parte dos usuários) Iamomoto (2011, p. 21) Afirma que o “[...]profissional tem competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais.” Logo se percebe que é um espaço na instituição que deve ser alcançado não apenas na consciência profissional endógena, mas uma afirmação do espaço que tem a profissão na divisão sócio técnica do trabalho.

Referencia:
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6° ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 
BRASIL. Lei 8662/93 de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de assistente social e dá outras providências.
CFESS. Código de Ética Profissional do Assistente Social. 1986.
GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do serviço social. 9° ed. São Paulo Cortez,2011
IAMAMOTO, Marilda Villela. Renovação e conservadorismo no Serviço Social. 11° ed. São Paulo: Cortez, 2011.
___________, Marilda Villela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 24° ed. São Paulo: Cortez, 2011.
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 8° ed.São Paulo: Cortez, 2011.