Disciplina:
Seminário Temático II: Administração e Planejamento Social
Docente:
Paula Gurgel
Discente:
Alex Andrade, Priscila de Almeida Lopes, Nagylla Samilla
Introdução
Sendo
o planejamento uma atividade que teleológica, ou seja, um pensamento antecipado
para alcance de um objetivo definido ela este intrinsecamente relacionado às
atividades que serão desenvolvidas por pessoas em todos os níveis da vida. O
planejamento como ato da administração. Segundo a definição de Chiavenato:
“O Planejamento figura como a primeira função
administrativa, por ser aquela que serve de base para as demais funções. O
Planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente os
objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para alcançá-los."
(CHIAVENATO 2000, p.195)
Dado
o conceito de planejamento, temos definido que o profissional da assistência
social tem no seu fazer o ato de planejar suas ações, a propósito a lei de
regulamentação da profissão traz em seu artigo 4º, dentre outras as seguintes
competências do Assistente Social:
[...]
II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que
sejam do âmbito do Serviço Social com participação da sociedade civil; VI - Planejar, organizar e administrar
benefícios e Serviços Sociais; VII - Planejar,
executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade
social e para subsidiar ações profissionais; X – Planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e
Unidades de Serviço Social; [...] (BRASIL, 1993). (grifo nosso)
Como
se observa a profissão é atribuída de competências que coloca o assistente
social como, ao contrário do que muitos profissionais da assistência pensam, um
ator que não somente executa, mas planeja as políticas públicas tanto como
forma de implementá-las como forma de pensá-las, pondo em relevância seu saber
profissional, apto a confeccionar políticas públicas que são em sua maioria
feitas por pessoas que estão longe da realidade concreta do fazer profissional.
Esta função se repete no artigo 5°, com privativa do assistente social quando o
que estiver em pauta se referir à matéria do Serviço Social.
Planejar
em Serviço Social constitui-se uma ferramenta fundamental para as ações que
serão desenvolvidas dentro do espaço ocupacional está inserido. Evidente que,
dado ao dinamismo da realidade e com os imprevistos que esta realidade supõe,
às vezes o planejamento tem alguma alteração ou até mesmo pode ser deixado de
aplicar. No entanto, para ações profissionais é de fundamental importância ter
um plano de ação para delinear o onde, o quando, o porquê e sobre tudo a quem
vão se direcionar as ações, para que os resultados sejam eficazes e se tenha o
maior alcance possível dessas ações. É
importante ressaltar que essa ferramenta (planejamento) pode estar imbuída de
interesses para além dos que estão postos nas expressões da questão social.
Dito de outra forma, o planejamento enquanto ato humano consciente com
objetivos definido fazendo uso dos meios e recursos existentes para alcançar
determinados resultados, pode sofrer a influência de interesses outros que
podem estar permeado em todo processo incluindo os meios e recursos disponíveis
para objetivar o planejado. Dessa forma, planejar em Serviço Social é um ato de
extrema consciência, pois demanda uma apreensão do real, é uma percepção da
complexidade idearia em que se movimenta a atual sociedade que é, antes de
qualquer postulado, gestado dentro dos moldes do capitalismo monopolista. Esta
gestação implica em tencionar a manutenção de uma relação de exploração e
desigualdade social. Nisso se impõe a necessidade da profissão de assistente
social como mediador de conflito de interesses de classe – que tanto pode
aderir as imposições do monopólio quanto pode ser mediadores das demandas das
classes subalternas. Urge, então, do profissional da assistência uma reflexão
teórica e crítica acerca do planejamento das suas ações. Guerra (2011, p. 166)
diz que a complexidade humana não pode ser reduzida às ciências exatas ou
naturais, pois nessa tendência são naturalizados os processos de exploração do
monopólio do capital provenientes da aplicação da técnica e da ciência que se
convertem em forças produtivas. Ressalta que essa observação é justamente no
ponto onde se dá o processo de acumulação/valorização do capitalismo e que o
pensamento tecnológico é uma forma concreta de existência. Essa inclinação a
ciência e técnica no trabalho se engendra nas relações políticas. É daí que vem
a requisição por profissionais cada vez mais técnicos e polivalentes para sua
atuação. A mesma autora (2011, p.169) diz que a questão da feitichização dos
instrumentos e técnicas (entre estes o planejamento) em Serviço Social,
engendra uma falsa superioridade na prática profissional e que a feitichização
dos métodos, instrumentos e técnicas são determinações sócio-históricas e que
independem de uma posição teórica ou ideológica “e que as metodologias e o
instrumental técnico e político, enquanto elementos fundamentalmente
necessários à objetivação das ações profissionais compõem o projeto
profissional.” (GUERRA 2011, p. 169). Como se observa o ato de planejar em
Serviço Social carece de um olhar crítico da realidade social a ser alcançada
neste planejamento e que há de se considerar os conflitos entre as classes
envolvidas para que a ferramenta do planejamento seja eficaz no sentido de
garantia de direitos da parte que é atendida pela assistência social.
O
planejamento é, finalmente, arma de ação estratégica não só no campo da
Administração, enquanto ramo da ciência. É arma porque deve ser usada em favor
das demandas dos usuários e deve ser revestida de posicionamento ético e
político com a finalidade de alcançar a diminuição de desigualdade social
instaurada em nossa sociedade.
Aplicação do questionário e
instituição/profissional abordados:
O
questionário foi aplicado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido-UFERSA,
na cidade de Mossoró/RN, com uma Assistente Social, nos dias 08 de outubro de
2014. A instituição conta com o serviço de Assistência Social mais voltada ao
corpo discente com programas de assistência estudantil, bolsas de permanência
acadêmica e auxílios aos estudantes. Porém não esta descartada o atendimento
aos demais setores da instituição (corpo docente e técnicos administrativos).
Resultados
1.
Na primeira questão a profissional relatou que o serviço de assistência é
independente na sua atuação, porém esta ligada ao departamento administrativo.
E que o planejamento em Serviço Social é realizado de forma conjunta e ao mesmo
tempo, direcionado ao trabalho realizado pelo setor administrativo. Que a
frequência de reunião era de uma vez por mês, com todas as profissionais do Serviço
Social durante um dia de expediente.
2.
Na segunda questão ela relatou que durante o planejamento as dificuldades quase
não existem e que tem a disposição salas de reunião adequadas, profissionais disponíveis, qualificados e
interessados. Relatou que existe uma agenda bem administrada e os recursos
materiais estão disponíveis na medida do possível.
3.
Na terceira questão ela apontou que as principais dificuldades são os recursos
financeiros, uma vez que é um setor independente dentro da instituição, por
isso não possui verba destinada somente para as atribuições inerentes ao
trabalho do Serviço Social.
4.
Na quarta questão ela respondeu que a avaliação é realizada por semestre, uma
vez que se trata de uma instituição de ensino superior, e o calendário segue o
ano letivo. Informou ainda que as avaliações são realizadas através de dados
coletados do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA, que
é uma ferramenta de informações dos alunos, dos formulários de atendimento e
entre outros processos de informação. Ela
relatou, ainda, que a reunião de avaliação do Serviço Social é realizada
com os gestores da instituição.
5.
Na quinta e ultima questão a profissional elencou três principais desafios que
se destacam: 1° divergência de opiniões quanto ao fazer; 2° Carência de
conhecimento do gestor com relação ao trabalho do Serviço Social na educação e
3° que em alguns aspectos relevantes a centralização administrativa.
Conclusão
As informações coletadas pelo
questionário aplicado na UFERSA permitiram perceber que o Serviço Social nesta
instituição tem um planejamento independente e sem muitas dificuldades para ser
realizado. Seu planejamento é semestral e realizado de forma conjunta com
direcionamento do setor administrativo. Quanto à execução a dificuldade
encontrada foi com a área financeira. A avaliação também é semestral e conta
com a ferramenta do SIGAA para subsidiar as informações, a reunião de avaliação
conta com a participação dos gestores. Finalmente ela pontuou três desafios:
Divergência entre os profissionais da assistência em relação aos procedimentos;
falta de conhecimento por parte do gestor com relação às atuações dos
profissionais da assistência e a centralização administrativa de poderes. Como
se observa o planejamento em Serviço Social é uma ferramenta de extrema
importância no que tange a garantia de direitos e a diminuição do *desfavorecimento
de uma classe. Pois nela os profissionais da instituição pesquisada tem uma
certa independência em suas ações ao longo da execução das políticas públicas
ofertadas na instituição. No entanto suas ações como executoras das políticas
pré-agendadas pelo governo que gesta a instituição, nesse caso o Governo
Federal. Dessa forma demanda além de habilidade com os instrumentais do Serviço
Social uma reflexão teórica da ontologia do ser social na qual se destina a
aplicação dos benefícios. Outra ponderação é a colocação feita pela
profissional na qual admitiu divergência de procedimentos entre a categoria na
instituição o que revela a segmentação e fragmentação da classe dentro de um
mesmo espaço sócio institucional. O que
Iamamoto marca como a derivação de
[...] “um arsenal de mitos na compreensão da prática social e mais
especificamente da prática profissional.” (IAMAMOTO, 2011, p, 114). A de se
observar que um dos desafios é superar a visão que a gestão da universidade tem
acerca do trabalho da assistência social que é fruto de uma visão que Iamamoto
(2011, p.20) citando Netto (1992) chamou de mero executor terminal das
políticas sociais ou alguém está ao cumprimento de atividades preestabelecidas.
Finalmente, e ainda relevante foi, a centralização administrativa e de poder
que se tem na instituição que limita burocraticamente a atuação
planejada/desplanejada do profissional (neste caso se houver demanda emergente
por parte dos usuários) Iamomoto (2011, p. 21) Afirma que o “[...]profissional
tem competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos,
para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais.”
Logo se percebe que é um espaço na instituição que deve ser alcançado não
apenas na consciência profissional endógena, mas uma afirmação do espaço que
tem a profissão na divisão sócio técnica do trabalho.
Referencia:
CHIAVENATO, Idalberto.
Introdução à teoria geral da administração. 6° ed. Rio de Janeiro: Campus,
2000.
BRASIL.
Lei 8662/93 de 7 de junho de 1993. Dispõe
sobre a profissão de assistente social e dá outras providências.
CFESS.
Código de Ética Profissional do
Assistente Social. 1986.
GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do serviço social.
9° ed. São Paulo Cortez,2011
IAMAMOTO, Marilda
Villela. Renovação e conservadorismo no
Serviço Social. 11° ed. São Paulo: Cortez, 2011.
___________, Marilda
Villela. O Serviço Social na
contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 24° ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social.
8° ed.São Paulo: Cortez, 2011.