Na
introdução denominada: Entrando corajosamente no viveiro das incertezas, onde o
autor aponta as mudanças que criam um novo ambiente para as atividades da vida
individual e postula alguns desafios.
O
primeiro é o que Bauman denomina de passagem solida para a liquida na
modernidade onde as instituições não podem manter sua forma e se dissolvem mais
rápida do que o tempo em foi levado para se consolidar e que não permite tempo
para desenvolver um projeto de vida pessoal.
O
segundo é a separação entre poder e política, onde o poder de controle político
deixa de existir e não dar direção para solucionar os problemas existentes na
sociedade e as funções de cunho estatal ficam subsidiadas ou terceirizadas
(mercantilizadas).
O
terceiro é a falta de segurança comunal onde os laços inter-humanos estão cada
vez mais frágeis e a sociedade é vista como uma rede interconectada
aleatoriamente, mas sem consistência.
O
quarto é o esgotamento do planejamento em longo prazo, o que dissocia o
planejamento de vida individual da história e o individuo vive uma série de
adaptações e rearranjos para se moldar as constantes mudanças em curso.
O
quinto a recorrente responsabilidade de resolver os problemas oriundos de
situações voláteis e instáveis que são jogados sobres os indivíduos.
No
capitulo primeiro intitulado: A vida liquida e seus medos o autor discorre
sobre as várias formas de globalizações que tirou barreiras de todas as ordens
e tudo pode ser alcançado, visto compartilhado de qualquer lugar. Ressalta
também a que as formas de desiguales sociais são em escala global e afirma que
o mercado sem fronteiras é uma receita para injustiça e nova desordem mundial
que gera a violência generalizada, e por sua vez, o medo generalizado o que
estimula uma ação defensiva. Ele afirma que a questão da segurança (vista como autoconfiança)
foi transferida para a questão da proteção de tudo e de todos, em especial o
pós 11 de setembro e a guerra ao terror. Na visão dele existe um medo
existencial nas pessoas e em busca de sensação de segurança se cercam de vários
recursos (desde sistemas de segurança até prevenções de possíveis doenças) para
se verem protegidos da insegurança que é um novo objeto da exploração
capitalista. Nesse sentido, o Estado social passa a ser Estado da proteção
pessoal. O autor ainda discute a questão da guerra ao terror focalizando o
atentado ao Word Trade Center e seus desdobramentos com o grupo terrorista
Al-quaeda, criticando o governo estadunidense de fazer o jogo do terror
causando provocar mais mortes do que o próprio atentado e aumentado o
terrorismo em vez de combatê-lo. Outras consequências são: a limitação dos
direitos pessoais e a insegurança na escala global.
No
segundo capitulo Bauman desenha a nova forma de capitalismo está morrendo pelo
esgotamento de seus recursos e produzindo uma grande massa de excedentes
humanos. Outro ponto é o movimento em escala global de refugiados oriundos de
guerras locais e de outros fatores e estão numa jornada sem fim. Estes ondem
chegam são vistos como indesejáveis pelos governos que constroem campos de refugiados que se tornam permanentes o que Bauman
classificou de “hiperguetos”. Ele ainda problematiza a passagem de um “Estado
de inclusão social” para o “Estado excludente” ou/e de controle do crime para
controlar a migração pelas fronteiras, principalmente na União Européia e
Estados Unidos. Isso culminou na divisão global entro o centro e as periferias
do mundo.
No
capitulo três o autor relaciona e enfoca os temas: Estado, democracia e
administração do medo. A princípio ele relaciona a questão da insegurança
moderna com o sofrimento humano e que a insegurança deriva da falta de se
chegar ao escopo da segurança total e ela é caracterizada pelo medo da maleficência
e dos malfeitos humanos. Nisso o Estado moderno foi encarregado de administrar
o medo. Essa forma de controle evoluiu do estado de bem estar social
(previdência, saúde etc), os direitos sociais, ou pessoais na constituição do
Estado. Houve posteriormente a necessidade dos direitos políticos. O autor faz
a relação entre direitos pessoais e direitos políticos que são inseparáveis e
que é impossível haver um sem o outro. Porém esses direitos não são exercidos
de fato pelos que deles demandam, mas pela uma minoria que detém o poder
econômico, nas palavras do autor: “...o
pobres terão apenas as garantias que o governo julgue necessário
conceder-lhes...”. (Bauman, 2007, p. 71). Bauman continua teorizando que a
vontade de escolha é um sonho e os pobres não tem participação democrática de
fato. Em seguida o autor vai afirmar que
houve uma transformação no papel do jogo político que passou da tarefa de
ajustar as instituições e procedimentos políticos existentes para a função de
reformar as realidades sociais. No final do capitulo
Bauman vai desenhar a maneira sólida- moderna de administrar o medo, onde há
uma substituição da solidariedade pela competição e os vínculos estão decompostos
e agora surge o personagem do individuo de direito. Surgem as novas “classes
perigosas” formadas pelos inadequados, que são além de excessivos, excedentes.
Essa exclusão tende a ser uma via de mão única sem chance de volta aos que nela
entram. Essa exclusão, segundo Bauman é uma consequência direta da decomposição
do Estado social. Esse contingente de excedente incluem duas subcategorias:
desempregados e criminosos.
No
capitulo quatro o autor aborda a alta densidade humana nos centros urbanos
relacionando a também centralização das fontes de perigo. Ele afirma que a
guerra contra a insegurança é feita na cidade onde há elementos como prédios
com máxima segurança, ruas com modernos sistemas de vigilância e controle.
Simultaneamente ha um distanciamento local entre os espaços urbanos (espaços
desconectados) e um verdadeiro exilio interno da elite. Diz Bauman que há dois
mundos separados e segregados onde um pertencente a camada superior (despreocupados com seu
conforto diário assegurado) e o da camada inferior que batalham pela
sobrevivência. Os moradores de condomínios tem um isolamento dos problemas
sociais de segurança. Existe uma cerca nesse tipo de espaço habitacional que na
visão do autor dividem os de dentro e os de fora, faz o gueto voluntario do
rico e gueto forçado dos pobres. Esses espaços são planejados para manter a
segurança dos que estão dentro devido a crescente violência urbana criando o estigma urbano de
isolamento espacial. Bauman afirma que essas transformações sociais e culturais
estão ligadas a passagem do estágio sólido para o líquido da modernidade. Essa
característica da vida urbana moderna tem ligação com as pressões globais.
Segundo ele o medo e o preconceito direcionados e os antagonismos são
reforçadores dessa divisão. Dia ainda que as cidades são campos de batalha onde
os poderes globais e os significados e identidades locais se confrontam e nesse
confronto que se movimenta a cidade líquido moderna. Bauman expõe a contradição
da globalização de tudo e a tendência da política ser local, ele resume dizendo
que “as cidades se tornaram depósitos sanitários de problemas concebidos e
gerados globalmente”. (Bauman, 2007, p. 89). Dessa forma, as
políticas locais são remodeladas por processos globais. Os fluxos globais são
esmagadores e induzem a marginalização social. Bauman neste capítulo destaca a característica
da estranheza que ocupa os espaços das cidades, as pessoas se tornam estranhas
umas das outras e com isso estimula os impulsos segregacionistas. A isso ele
diz são manifestações da mixfobia, ou o medo generalizado da variedade que
abriga os centros urbanos. Uma outra tendência apontada é a direção a uma
comunidade de semelhança, onde as pessoas viveriam uma falsa sensação de
segurança e de uma superficialidade na vida social por não adquirirem
habilidades para viver com as diferenças. Ele diz que a confusa variedade na
vida urbana pode ser ao mesmo tempo repelente e atrativo, onde a variedade é
uma promessa de oportunidade. Nessa ação de atração o autor traz ouro conceito
o de mixfilia e tanto a mixfoia quanto maxilia coexistem na cidade e em cada um
de seus moradores. Bauman afirma que esses dois conceitos podem se misturar e
os espaços urbanos podem ser locais de problemas e também laboratórios para
conviver com as diferenças.
No
quinto e último capítulo Bauman vai temarizar utopia e incerteza. Ele diz que
uma adversidade é incomoda quando surpreende e nos deixa na incerteza e
sonhamos com um mundo perfeito ou a utopia. O autor vai retomar esse conceito
historicamente a atualizá-lo na modernidade. Para melhor entendimento Bauman
usa a metáfora do jardineiro e do caçador onde o primeiro é mais zeloso com a
utopia e o último só tem a preocupação de caçar despreocupadamente e diz que
estamos ficando cada vez mais caçadores e não há mais espaços para devaneios
utópicos e as forças da globalização favorecem a caçada e os caçadores. Em
seguida Bauman vai mostrar como os sonhos de mundo melhor (utopia) vão assumir
nova identidade, a do sonho de consumo dos produtos do capital e a fuga do
obsoleto. É um esforço continuo para se manter entre os caçadores. Diz ele:
"O progresso não é mais imaginado no contexto de um impulso para uma
arrancada à frente, mas em conexão com um esforço desesperado para permanecer
na corrida". (Bauman, 2007, p. 109).
Nesse sentido a luta contra derrota é a única coisa que preocupação que
ocupa a vida. O autor diz que o problema é que a caça ou corrida se torna obsessão
e o fim da caça é apavorante e caçar é outra utopia (bizarra) que promete
prêmios inatingíveis, uma cura para as dores e sofrimentos da condição humana.
Os caçadores não param de caçar. Ele encerra o capitulo afirmando que a utopia
é a do aqui e agora. O Capítulo encerra
enfatizando a manutenção a todo custo a frívola permanência na caça. A cada
sonho vivido é expectativa de uma nova busca pela utopia momentânea e líquida.
Referencia:
BAUMAN,
Zygmunt. Tempos Líquidos. Rio de
Janeiro: Zahar, 2007.